"(...) Parecia ter ficado subitamente mais entregue a si prórpria. Não tinha escapatória possível. Logo que levantasse os olhos, Frida via Frida, observava a sua perturbação silenciosa. Frida sorria e Frida-espelho sorria também, apaziguada. Frida odiava-se por estar assim diminuída, o olhar de Frida-espelho endurecia sem complancência. (...) Frida garatujava algumas palavras num papel, Frida-espelho lia tudo por cima do seu ombro. Espelho implacável, companheiro voyer. Presente, inevitável. Uma única solução para conviver com ele: adoptá-lo de uma maneira ou de outra, lisonjeá-lo, tirar dele o melhor proveito. Descobrir o meio de coabitar com ele, puxar muito pela cabeça, mas descobrir."
in Frida Kahlo, auto-retrato de uma mulher, de Rauda Jamis
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